Período Ibero-Púnico

Ancoradouro seguro, já a partir do século VII a.C. o "sítio de Lisboa" é visitado por mercadores marítimos Fenícios e Cartagineses, na procura de metais preciosos.
Com o passar do tempo, as visitas tornaram-se cada vez mais frequentes e as demoras mais prolongadas, o que obrigou, entre os séculos VII e V a.C., a fixar, na margem do esteiro do rio Tejo, presumivelmente as primeiras construções habitacionais.
Na imagem pode ver-se um compartimento ibero-púnico.
Representação estilizada de um barco na superfície interna. Engobe branco. Bandas polidas ao torno. A figura representa um barco de pesca e (ou) de comércio fluvial de curta e média distância (Pág. 11 do Catálogo)
Suporte de ânfora. Marca de oleiro na parte superior da peça. Dois selos, cada um deles representando um equídeo. Apresenta as superfícies cobertas por um engobe acinzentado. Peça de importação (Pág. 11 do Catálogo)
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Período Romano
No esteiro do Tejo, área muito sensível a movimentos tectónicos, como assoreamento, aparecem novas formas de ocupação. A partir do século I d.C. instala-se um importante núcleo de preparados piscícolas, que terá laborado até finais do século IV d.C. . As fábricas eram constituídas por tanques - cetárias - de dimensões diversas, poços e edíficios de apoio às unidades fabris. A área onde se insere o Núcleo destinar-se-ia sobretudo à reparação de conservas de peixe salgado, o que se depreende da dimensão e da presença de ânforas normalmente usadas no transporte do produto. Em plano mais específico, há fortes indícios que levam a concluir, também, da produção de molhos - garum . Outra estrutura que podemos observar trata-se do primeiro mosaico polícromo "in situ" datado do século III d.C. e um complexo de três piscinas, tal como ilustrado pela imagem.
Reconstituição hipotética do complexo industrial, banhos e via romana (Pág. 14 do Catálogo).
Cabeça de uma pequena estatueta de bronze, cortada inferiormente pela nuca e pelo queixo, de um homem jovem, imberbe com a cara enquadrada por grandes tufos de cabelo. Os traços da cara e o volume de cabelo reflectem um trabalho oficinal, feito segundo a técnica da "cera perdida", que não mereceu acabamento pormenorizado (Pág. 34 do Catálogo).
Asa de ânfora destinada ao transporte de azeite, de procedência andaluza (da antiga Bética), com marca identificadora da sua produção: C.O.I (?), correspondendo provavelmente aos tres nomes (Tria nomina) de um indivíduo (Pág. 34 do Catálogo).
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Período Visigótico
Em 411, os povos, ditos bárbaros, dividem entre si o espaço ibérico, tendo a Lusitânia sido dominada pelos Alanos, seguindo-se os Visigodos e os Suevos.
Deste período podemos observar no Núcleo uma sepultura com um corpo no seu interior e que por sua vez se encontram dentro de um tanque romano.
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Período Islâmico
No ano de 714, dá-se a ocupação árabe. Lisboa era, nessa época, a plataforma natural de encontro e redistribuição de uma série de vias terrestres já utilizadas pelos Romanos. A estrada do Norte partia da zona portuária do actual Rossio, atravessava os campos e hortas de Alvalade - cujo topónimo é albalat que significa em árabe, caminho - dirigindo-se a Santarém, seguindo depois a Braga.
Em relação à sua presença no Núcleo, algumas das estruturas romanas são reutilizadas em novas funções, designadamente silos; aparecem vários artefactos do espólio islâmico, fabricados já com a técnica do vidrado.
Tijela larga de bojo carenado e pé de anel destinada a conter, mas não a cozinhar alimentos. Está moldada em cerâmica de cor rosada, bem cozida e depurada, recoberta interior e exteriormente por um vidrado à base de óxidos de chumbo e com decorações a verde e roxo resultantes do emprego de óxidos de cobre e manganésio. A decoração é constituída por algumas manchas dispersas de cor verde na superfície interior e exterior, e principalmente pelo desenho de uma flor-de-lis ou lótus saindo de um bolbo no fundo interior do recipiente. A flor e o bolbo são elementos simbólicos que possuem um significado vitalista bem preciso, destinado aqui a afastar a podridão e a conferir aos alimentos a sanidade necessária (Pág. 37 do Catálogo).

Candil com recipiente de base troncocónica mal ligada a uma pança achatada sobre a qual se eleva o colo estreito e tubular da secção superior do gargalo do reservatório que foi fragmentado na parte superior. Desapareceu igualmente a asa. O bico patado e longo está completo e apresenta manchas de negro de fumo provocadas pelo acendimento do pavio. O barro é de pasta grosseira e com muitos elementos acerâmicos. De tipologia incomum, poderá tratar-se de uma peça de importação (Pág. 39 do Catálogo).

Pote globular de dupla asa moldado em cerâmica de pasta rosada bem cozida e depurada, possuindo manchas escuras resultantes do contacto com o fogo. A decoração exterior é feita por série de três pinceladas de cal que sublinham o colo, e a base e, caindo na vertical, do colo à base, dividem o bojo em registos onde foram pintados esquematicamente bolbo de flores-de-lótus. A parte inferior do bojo mostra estrias regulares de modelação, paralelas e horizontais. A base larga e estável e a decoração, indicam tratar-se de uma peça destinada inicialmente a conter, mas não a cozinhar alimentos, embora lhe possa ter sido dado este último uso a julgar pelas manchas escuras já referenciadas (Pág. 38 do Catálogo).
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Período Medieval
A Lisboa muçulmana, em finais do século XI, era a mais importante do Oriente Ibérico.
A exploração do ouro retirado do Mar da Palha e das Minas de Almada é também, uma referência permanente nos autores da época. No entanto, a actividade principal parece ter sido a piscícola, podendo-se ver algumas peças no Núcleo que nos retratam esse facto.
Com o início da Reconquista Cristã a partir do norte da Península Ibérica, a cidade de Lisboa, bem como todo o seu território, são conquistados aos Muçulmanos em 1147.
A partir do século XIII, a corte passa a residir permanentemente em Lisboa. Deste período, destaque para o magnifício pichel de origem francesa.
Na segunda metade do século XIV, dá-se a expansão urbana da cidade surgindo a "Cerca Fernandina", que integra não só os novos bairros, mas também os bairros de Alfama e Mouraria. Lisboa fica ao nível das cidades mais importantes da Europa, passando a ser a grande impulsionadora do período, que se aproxima, da expansão quinhentista.
Pichel pintado a bege, verde e castanho e vidrado representando motivos florais, geométricos e animais. Este vaso era utilizado para servir vinho e foi importado da região de Saintonge. Este tipo de produção foi exportado entre 1250 e 1350 para Inglaterra, Suécia, Noruega, Holanda. Em Portugal foram também identificados pequenos fragmentos com a mesma representação decorativa, nas escavações da Casa do Infante no Porto. Esta peça fazia parte do despejo de uma fossa medieval (Pág. 40 do Catálogo)
Uma das aves enquadrada por dois "brazões" que decoram o pichel vindo da região de Saintonge (Pág. 40 do Catálogo).
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Período Quinhentista
Período muito importante para a história da cidade de Lisboa, mantendo-se o movimento de transformações urbanas já iniciado. A cidade prepara-se para responder ao desafio da Expansão com o seu intenso comércio, tornando-se um dos portos mais importantes da Europa.
Do período quinhentista vários artefactos existem em exposição, no entanto grande parte ainda se encontra em investigação, destaque para um azulejo sevilhano, como se pode ver na imagem.
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Período Pombalino
O quarteirão pombalino, onde se encontra o Núcleo, insere-se na malha urbana medieval da freguesia de S.Julião, onde se identificaram dois troços de rua dos Carapaceiros e da rua do Chancudo, ruas que subsistiram até ao Terramoto de 1755.
O Terramoto do dia 1º de Novembro de 1755 marca o desaparecimento de parte da Lisboa Maneirista e Barroca e dos bairros de tradição árabe-medieval da baixa.
O esforço célere de Sebastião José de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal - e o seu espírito iluminista permitem que se iniciem rapidamente as demolições, aterros e reconstrução segundo um traçado rectilínio, dando assim uma nova imagem de cidade que se desenvolve a partir de um eixo, marcado pela Rua Augusta e que liga as duas principais praças da cidade - o Rossio e a Praça do Comércio ou Terreiro do Paço.
As diferentes actividades são organizadas por rua, segundo um perceito medieval. Ainda hoje subsistem, em certa medida na baixa Pombalina, arruamentos que obedecem a esta primitiva organização.
A Baixa Pombalina assenta em terrenos de aluvião, e com o nível freático sempre presente. Desta forma é concebida uma estrutura de estacaria em pinho verde, cravada no nível freático, servindo de embasamento para os alicerces. Pela primeira vez é construida de uma forma sistemática uma rede de esgostos domésticos, dando para o esgoto central sob a rua. Poderão ser vistos exemplos destas inovações no Núcleo Arqueológico. Surge também um sistema anti-sísmico designado por "gaiola", estrutura interior do prédio totalmente construída em madeira de carvalho e azinho.
Ao nível das lojas, as salas são abobadadas com tijoleira e pavimentadas com lages em calcário.
Embora a vocação da Baixa Pombalina seja o comércio, algumas actividades industriais e oficinais são no entanto reactivadas nesta área da cidade. No núcleo surgiu um forno de tratamento do ferro.
Pia de água benta quebrada ao nível do elemento de fixação à parede. Decorada com dois filetes vegetalistas a partir de um centro (Pág. 43 do Catálogo).
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